sábado, 26 de julho de 2014

Mais uma missão





Minha mente estava vaga, eu pensava apenas em chegar em casa aliviar meus pés daqueles saltos malditos e daquela roupa que me fazia sentir nojenta, com a sensação de que eu era uma prisioneira daquilo tudo. O que de fato eu era.

Girei a chave do meu apartamento. Ouvi o barulho da tranca cedendo para que aquela pequena estrutura de madeira branca se abrisse. Tudo estava do jeito que eu havia deixado exceto uma carta na mesa principal. “Jake” pensei. Revirei os olhos. Suspirei e peguei a carta, que para contribuir mais um pouco com a minha infelicidade, era de Trace. Meu coração ficou agitado “não é possível que eu possa ter pelo menos um segundo de paz dentro de mim” senti uma ponta de raiva e arrependimento subir em meu rosto de forma que vi minhas bochechas coradas no espelho a minha frente.

Por que tinha de ser tudo tão exaustivo? Tudo tão cruel? Por que mesmo eu tinha concordado em deixar Trace controlar meu mundo?

- Amby? – sorri ao ouvi-lo gritar meu nome, não precisava nem me de muito esforço para reconhecer aquela voz tão familiar.

Olhei mais uma vez para o envelope em minhas mãos e segui em direção a voz que vinha do banheiro da suíte. Guardei com cautela a carta debaixo das minhas calcinhas onde saberia que jamais ninguém mexeria a não ser eu.



Às vezes só queria me mandar para qualquer outro lugar longe daqui, mas eu ainda tinha algo de bom aqui. Pelo incrível que pareça.

Fui para o banheiro de onde aquela voz tinha gritado meu apelido mais intimo. Sentei-me sob a tampa da privada, fazendo o mínimo de barulho possível, pois não queria desconcentrar Jake que parecia otimista hoje e até um pouco alegre.

- Jake? – falei rindo ao ver o pulo que deu.

- Amby!

- Alguma novidade que eu deva saber?

- Hum... Só uma!

- E qual seria? – falei pegando uma revista da Vogue para folhear.

- Consegui um emprego.

Pude sentir e saber de onde vinha aquela carinha alegre e o tom de voz carinhoso ao falar meu nome.

- Sério? Que incrível meu amor.

Me levantei empolgada abrindo a cortina do Box e lhe dando um abraço e um selinho, o mesmo me abraçou, mas se lembrou que estava todo molhado e se esquivou um pouco. Eu por minha vez permaneci da forma que eu estava não me importava com um pouco de água. Afinal a felicidade dele conta muita coisa para mim, deixa meu mundo menos infeliz.

- Vou te molhar.

Ele riu, um pouco desconfortável.

- Não me importo. – olhei em seu rosto. – estou realmente muito feliz por essa conquista meu amor.

- Eu já disse que você é incrível?

Seu corpo  estava mais relaxado, desconfiei ver até um sorriso sincero se formar em seus lábios finos.

- Bom só milhão de vezes, mas amo ouvir isso.

 Peguei seu rosto e o beijei, deixei alguns respingos encontrarem meu corpo quente, não me importava àquele breve momento era o mais perto de um conto de fadas que qualquer menina sonha em ter.

Jake vestiu-se e disse que iria comprar pipoca e pegar algum filme de comedia para assistir, eu apenas assenti e o vi fechar a porta.

Passei meus olhos cuidadosamente pelo cômodo, pensando em como eu poderia voltar para o passado onde as decisões mais difíceis eram escolher um vestido perfeito para o primeiro encontro ou ate mesmo escutar minha mãe gritar comigo por algum motivo frívolo. Minha cabeça voava para qualquer outro lugar a não ser.  ali.

E u só queria que as coisas fossem diferentes. Queria poder ter uma vida normal, queria poder ter a experiência de construir a minha família, conquistar algo real.

“Jake”. Sussurrei para mim mesma. Tinha me esquecido do quanto injusta eu sou com ele, mas tenho medo. Não devo me preocupar com isso, pelo menos não agora.

Eu sabia que eu era como uma granada que uma vez que é puxada sua trava causaria dor a todos ao seu redor, sabia também que eu não pertencia a mim mesma, eu fui comprada a mais ou menos uns sete anos atrás, estou presa a este inferno para sempre.

“A carta de Trace” uma voz inconstante ecoava em minha mente, não me deixando esquecer nem um minuto sequer de onde estou, a minha atual realidade e para quem eu trabalhava.

Abri a gaveta, fazendo uma baderna nos pedaços de pano que eu chamo de calcinha e finalmente encontrei o pequeno envelope branco.  O peguei  passando os olhos atentos por toda a extremidade a busca de uma dica do que me esperaria. Mas isso foi em vão não havia nada que denunciava especialidade daquele pedaço de papel que tanto me deixava receosa.

Finalmente a abri.

“Olá minha menina.

Seu namorado está cada vez mais insistente, logo vou me sentir na obrigação de da um jeito nele.

Mas bem, vamos ao que interessa! Quero um favor seu. Semana que vem está previsto para algumas estrangeiras chegarem e quero que você as tragam para nosso “ciclo de amizade”, ouvi dizer que elas são bem interessantes e nós dois sabemos que isso seria uma boa para os negócios.

E eu já resolvi o transporte que vai te pegar em casa e te deixar no aeroporto, é minha menina acho que é apenas isso desta vez.

Ah tem outra coisa, antes que eu esqueça, vá a cozinha agache de frente para a geladeira você irá achar outro envelope como este que está ao seu lado, contem ali dentro o seu pagamento de ontem e mais alguma coisa para você gastar com o que quiser, e a propósito, amanhã está liberada pode passear por ai e quem sabe, se quiser venha me ver.

Um beijo menina, Trace”

Uma coisa era verdade, Trace era orgulhoso e gostava de se impor, mas sabia muito bem como dar um presente a alguém. Passei os olhos mais uma vez por aqueles garranchos que dava para ser chamado de letra, pelo menos para Trace.

Deixei a carta de lado em cima da cama, ao lado do envelope, e fui para a cozinha fiz do jeitinho que Trace descreveu que eu fizesse e encontrei o envelope.  Não acreditara até agora que Trace veio aqui em casa e o pior, viu Jake, o que eles conversaram? O que será que Trace falou de mim? Jake não me contara nada por quê?

Peguei o envelope debaixo da geladeira e o abri, tinha quase cem pratas a mais. E como sabia ser generoso quando queria.

Voltei para meu quarto, guardei tanto a carta quando o dinheiro no lugar de sempre, na casa de boneca da minha mãe em um baú dourado e minúsculo que tinha lá dentro, era a única coisa que eu tinha dela a não ser a culpa de ter a matado. Mas não estou nem um pouco a fim de me lembrar dessa parte de mim, quem sabe em outro momento quando eu não puder mais esconder. Uma parte de mim tem medo desse dia e por sua vez a outra parte aguarda ansiosamente por este dia, porque será quando finalmente esta dor irá ser dividida com outra pessoa.

Coloquei uma boa quantidade de ar para dentro enquanto eu me esticava na cama, não estava em clima de filme Jake teria de me desculpar, eu precisava realmente descansar.  Rolei para o lado fechando os olhos e finalmente pegando no sono.

*******
CONTINUAAAAA

2 comentários:

  1. Heey ailaa!
    Awn cara, fiquei com um pouco de dó da Amberly nesse capítulo :c. O namorrado dela é uma graça, aff. Só acho que ele vai sofrer um pouquinho nessa fic, pois cá em nós, os inocentes sempre se fodem :c
    E como assim ela matou a mãe dela? o.o, putz meu, você precisa contar, aff --'.

    Poste logo o próximo, aila <3'. bjs :3

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  2. Hey Amora ❤️
    Fiquei surpresa com esse capítulo. Não lembrava q a Amby tinha um namorado, achei q ela fosse meia solitária nesse mundo. Enfim, capítulo perfeito *-* sei q já disse isso, mas vou dizer de novo porq é verdade, adoro o jeito q você escreve, é muito cativante! Parabéns, amiga. Mil beijos e poste mais :3

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