sábado, 3 de janeiro de 2015

Medo



Calei-me completamente, apenas a observando. Na verdade eu ainda estava digerindo suas palavras e tentando compreender o motivo de tanta raiva. Seus olhos minutos atrás exalavam desespero, mas os evitei. Eu estava de costas para Melane, mas ainda era possível sentir seus olhos me envolverem.  Enquanto eu trocava minhas roupas casuais por uma saia de dois palmos e um top, vi um vulto correndo passando para o banheiro. Rapidamente virei à cabeça, "o que estaria acontecendo?" Por mais que eu não quisesse me intrometer, eu ainda me importava com essas meninas. Joguei a toalha no chão e corri ao lugar onde ela entrou, cheguei à porta e a vi de joelhos debruçada na privada.

- MELANE, MEU DEUS! – eu falei assustada. Virei para pegar mais papel e dirigi-me a ela ficando em sua altura. – Pegue.

- Não preciso da sua ajuda, saí daqui! – ela falou desesperada, mas havia mais medo do que qualquer outra coisa.

- Para de ser tão orgulhosa garota! Só quero te ajudar.

Ela me olhou com os olhos envergonhados aceitando o papel que eu ainda segurava, depois de limpar seus lábios e o queixo ela sentou-se no chão olhando o vácuo entre nós. Então seus olhos falaram por si só, em um instante todo seu rosto estava inundado por lagrimas continuas e quentes.

Franzi o cenho tentando compreender o que estava acontecendo, e como um flash de luz me veio à tona o que realmente ocorrera.

- Você está grávida! – minha voz estava mais baixa que o normal. Eu não podia acreditar em tal situação.

Ela simplesmente me fitou em meio as lagrimas, quando eu olhei em seus olhos ela franziu os lábios e chorou mais ainda. Ela não precisava responder para se saber que de fato era essa a verdade. Passei meus braços em seus ombros, que subiam e desciam conforme sua respiração, trazendo-a para mais perto de mim.

  
Agora eu compreendia tal sentimento, ela estava com medo. Enquanto eu a abraçava forte ela se acalmava, então esperei até que sua respiração estivesse mais controlada e seu rosto mais seco.

- Melane? - falei baixo.

- Hum.

- Quer me contar o que realmente aconteceu? - Tentei escolher cuidadosamente minhas palavras.

- Não sei se devo confiar em você - ela se afastou um pouco de mim recolhendo os braços envolvendo-os em volta de sua barriga.

- Eu não vou contar a ninguém, só quero tentar te ajudar. 

- Nem mesmo a Trace?

- Muito menos a Trace, eu sei o que ele faria com você se soubesse.

Se ele soubesse com toda certeza iria bani-la, humilhá-la e até poderia fazer algo com o bebê. Já o vi fazer isso com algumas garotas, e encontrei elas semanas depois mortas a poucos metros do cassino.

- Bom. - ela começou. - a três semanas atrás apareceu um homem lindo e ele quis passar algumas horas comigo então Chad me chamou e me entregou a ele. - ela suspirou - já estávamos no quarto, eu estava me despindo quando ele me agarrou brutalmente empurrando-me contra a parede, no entanto que bati a cabeça na parede e tombei pro lado. Senti ele me jogando na cama de forma esquisita, como se fosse me matar e veio subindo em cima de mim, ele levantou minha saia e então penetrou, mas muito forte eu pensei que eu ia explodir, ao invés de sentir prazer ele estava me machucando, comecei a pedir para ele parar e nada, quando senti ele gozar dentro de mim. Eu entrei em pânico e o chutei na virilha e quando ele tombou para o lado eu sai correndo tapando os seios e abaixando a saia, entrei no banheiro e comecei a chorar. - ela voltou a me olhar nos olhos -  Pensei que não tinha sido nada, mas se passaram quatro dias e eu comecei a sentir enjoo, decidi ir ao médico tirar sangue já que tenho tendencia a isso, quando peguei os resultados vi que eu estava grávida, e o que eu tanto temia aconteceu. - ela apertou mais a barriga.

Engoli a seco, eu não estava acreditando que além dela estar grávida a mesma foi violentada.

- Meu Deus! - foi a única coisa que consegui pôr para fora.

- Agora você entende?

- Com toda certeza, Melane não vou deixar Trace saber disso e nem fazer nada com você. Eu sei o que ele faria com você!

- Estou com medo Amberly. - ela explodiu em soluços e mais choros.

- Eu sei. - a abracei novamente. 

Estávamos sentadas no chão do banheiro. Eu não podia deixá-la assim, ela não podia transar com mais ninguém, ela deveria descansar. Trace ao menos poderia lhe dar umas férias, ou sei lá. Isso! Vou falar com ele sobre isso.

- Tive uma ideia.

- Que ideia?

- Irei falar com Trace que você precisa de repouso.

- Mas você me prometeu que não iria me entregar!

- E não vou, irei inventar alguma coisa e sei muito bem como convencê-lo.

Ela me olhou tremula e eu me levantei, e falei que ela precisava sair dali, senão iriam dar conta do seu sumiço. Ela me ouviu e saiu, fui logo atrás dela, só que com o foco em Trace.

Cheguei ao salão principal, Trace já não estava mais lá. Droga! Já estava a noite e o cassino começou a lotar, homens e mulheres passeando pelo carpete vermelho sangue, exalando luxuria e dinheiro, homens com olhos sedentos e focados por grana e jogos, outros pediam sexo.

E mais uma vez meu trabalho vai começar, é melhor eu entrar no personagem antes que eu estrague tudo.



Continua... Espero que gostem *---*