sábado, 5 de janeiro de 2019

Desvendando mentiras





As horas se passaram quase que se arrastando, e eu ainda estava na rua, na verdade eu tinha passado a noite inteira na rua.
Levantei-me para finalmente ir embora, eu precisava de um longo e bom banho. Quando senti um braço pegar o meu. Imediatamente, como num instinto, segurei o punho que havia me agarrado e o torci, era um homem, ele reclamou de dor e depois riu o que me fez olhá-lo diretamente. Meu Deus, era Ed.
- Ed, me perdoe! – falei o soltando
- Você andou treinando, mocinha? – ele falou brincando e massageando a mão.
- Só as vezes. – mentira, eu treinei com Tommy – Mas o que você está fazendo por aqui?
- Estou correndo. – ele olhou para si mesmo e me lançou um olhar tipo: Você não percebeu? – E você? Está com uma cara péssima.
- Ah – suspirei – tive uma briga com Jake, quase contei tudo a ele.
- Vem aqui, vamos conversar Amber. – ele me puxou e voltamos a sentar em frente a fonte. – Me conte, o que houve?!
Respirei fundo e lhe contei tudo. Ed de todos, daquela tropa do Trace, era o que eu confiava e que aparentava se preocupar comigo. Ele era um amigo. Ed pelo incrível que pareça nunca me desejava como homem e mulher, ele mais me protegia do que tudo.
- Bom, você já sabe o que eu acho do Jake e da relação de vocês dois.
- Eu sei que acha errado, mas ele é a única pessoa que eu tenho, a única esperança de ter uma vida normal.
- Amberly, infelizmente sua vida não é normal e não adianta você tentar esconder isso. – aquelas palavras vieram como um balde de água fria.
- Mas eu posso ao menos sonhar, certo?
- Claro, mas não pode ficar usando o Jake desse jeito.
Fechei os olhos e como uma explosão vieram vários momentos meus e de Jake, ele era incrível.
- Você tem razão.
- E.., eu preciso te contar uma coisa.
- O que houve, Ed? Trace tem outra “missão “?
- Não, bom ainda não. Mas o que eu tenho para te contar é algo que pode te chocar um pouco e você nunca poderá falar com ninguém.
- Claro, da mesma forma como eu confio em você, confie em mim.
- Bom, eu sou seu irmão.
- Sim, eu sei. Você é o único lá dentro que me protege, mas pode me falar.
- Amberly, é isso. Eu sou seu irmão, tipo irmão de sangue, meio sangue.
Eu o olhei tentando encontrar algum vestígio de mentira ou brincadeira e pela primeira vez na vida ele estava sério. Não pode ser, Ed meu irmão de sangue?
- Espera, você está brincando né?
- Não, Desde quando te conheci queria te falar.
- Então você sempre soube?
- De certa forma sim.
- E é por parte de mãe ou pai?
- Pai.
- Eu ainda não acredito. Ed você sabe como essa questão de família é muito importante para mim, não ouse brincar com isso.
- Olhe para mim. – suas mãos tocaram meus ombros. – Eu nunca mentiria para você.
- Então por que não me contou antes?
- Trace me proibiu, mas eu estava vendo como você sofre. – ele engoliu a seco. – Vi como ficou quando pegamos Alice e Ray.
- Quem diria, minha família sempre esteve por perto.
- E só mais uma coisa, a morte de sua mãe, não foi culpa sua.
- Como não?
- A culpa foi de Trace.
- O QUE? – meu sangue ferveu.
- Ele sabotou o carro dela, pois ele sabia que se ela viesse falar com você, certamente iria voltar com ela e deixa-lo.
- E isso lhe dá o direito de matar minha mãe? Ele enlouqueceu? – me levantei.
- Espere onde você vai?
- Tirar uma satisfação com Trace. – cerrei o punho, eu estava fervendo de raiva.
Sempre me culpei pela morte dela e a real culpa era dele? O que o faz pensar que ele podia tirá-la de mim? CRETINO.
Comecei a andar rápido em rumo a boate, eu sabia que ainda era cedo para estar aberta. Seria a hora perfeita para dar uma palavrinha com Trace.
- Amber, espere.
- Nem tente me impedir, Ed.
- Eu não vou, mas também não vou deixar que você se mate.
- Como assim?
- Leve pelo menos esse soco inglês, já vi você dar uns socos num cara que tentou te abusar e vi que você consegue ter firmeza. Esse instrumento vai deixar seus socos mais certeiros.
- Ele vai se arrepender. – minha respiração estava ofegante, e lagrimas começaram a vir. – era minha mãe.
- Eu sei. – ele me abraçou. – me promete que vai voltar bem?
- Tentarei. – dei um sorriso fraco.
- Essa é minha irmã.

Ele me soltou e eu prossegui ao meu destino.