terça-feira, 28 de abril de 2015

Contrariados







Mais uma manha tinha chegado para tirar toda a parte preguiçosa do meu ser, mas essa parte de mim era um tanto resistente, pois estava lutando com todas as forças para que eu permanecesse ali na cama.
Virei para o lado, com os olhos fechados, mas não demorou muito para que eu cedesse. Levantei-me notando que eu me encontrava totalmente nu.

Meu corpo estremeceu por conta da manha fria, “malditas janelas abertas!” pensei. Em poucos passos entrei no banheiro do hotel, dei de cara com minha imagem no espelho. Um sorriso insano logo apareceu. Fechei os olhos por uma fração de segundos e a vi rebolando no meu pau. Que mulher! Mas apesar do sexo bom, tinha também a mulher, ela era digna de valor, não é como todas as outras prostitutas que eu já passei a noite. Ela parecia ser profissional, mas tão inexperiente com as coisas do amor, e da vida, e do sexo oposto. Apesar de ser uma mulher ela era tinha um jeito de criança, inocente e teimosa.

Pena ela ser apenas uma puta que eu meti. E além da mais ela está bem ocupada com outros caras.
Entrei no chuveiro quente e deixei a água cair. Deixei me levar pela sensação relaxante das gotas percorrendo minha nuca e descendo pela extremidade das minhas costas. Inclinei a cabeça com os olhos fechados, e tudo o que eu conseguia ver era seus lindos olhos negros, que pareciam ficar ainda mais pretos na escuridão da noite, o que a deixava totalmente sexy.

Mas aqueles olhos não me eram estranhos. Eu já tinha o visto, eu sei disso, só que não me recordo onde nem quando. Permiti-me encostar as costas na parede tentando impedir-me de me apaixonar novamente. Prometi a mim mesmo que não me apaixonaria mais, apenas brincaria com as mulheres, nada de me apegar. O que está acontecendo? Estou eu quebrando minhas próprias regras?

Aqueles olhos!! É claro! Eu me lembro. Ela é a mesma mulher da fonte dos desejos a alguns dias atrás e a mesma da Torre Eiffel. Aqueles olhos brilhantes não era algo que eu me esqueceria tão facilmente. Era ela. Mas na Torre Eiffel ela estava com um cara, e eu a ouvi chamar de "amor" várias vezes, era seu namorado. Como isso é possível? Namorar um prostituta ? A menos que ele não saiba.

Que mulher de faces, como ela pode omitir isso a ele? Vou tirar satisfação com ela.

Mas eu não posso simplesmente chegar lá e perguntar sobre a vida dela toda, como se ela fosse abrir a um estranho... E além do mais eu não sou nada dela. Merda!

Espera, eu estou me importando com uma puta?


Pov´s Amby



Mais uma longa semana tinha se passado e eu estava cada vez mais cansada e enojada daquele lugar, daquelas roupas, dos sexos, com exceção de um que todas as noites provocavam arrepios em meu corpo. Que homem! Pena que mais uma semana se passou e ele não voltou como havia prometido. EU ESTOU MESMO ACREDITANDO NA PROMESSA DE UM HOMEM? Tantos já me fizeram promessas e propostas e ele de longe é apenas mais um.

Dei mais uma checada no espelho, e ajeitei o batom vermelho que cismava de escorrer no canto da boca. Olhei mais embaixo, minha blusa preta soltinha que combinava perfeitamente com meu short jeans de dois palmos. Eu definitivamente estava pronta.

E lá vou eu para mais um trabalho. Desta vez será bem fácil, são apenas duas meninas, duas inocentes turistas.

Sai do banheiro e dei de cara com Jake, ah Jake!

- Amor? Você vai sair?

- Sim. – sorri – vou ir ao aeroporto, me parece que meu chefe quer que eu pegue algumas encomendas para ele. – de certo modo era verdade.

- Nem mesmo sábado você tem folga? Pensei em sairmos hoje. – meu coração apertou. Isso me matava
por dentro, eu não podia mentir tanto para ele.

- Podemos sair amanhã, amor? Hoje realmente preciso fazer isso.

- Tudo bem. – ele esticou os lábios numa tentativa falha de sorriso.

- Eu vou indo – me aproximei e colei meus lábios nos dele. – Eu te amo.

- Eu também te amo.

Sorri e dei mais um beijo em sua bochecha. Virei-me em direção a porta, mas ele me chamou novamente.

- Amby!

- Oi príncipe! – me virei encarando seus olhos tristes.

- Seu chefe deu uma passada aqui hoje.

Paralisei. Como assim Trace veio aqui? Já o falei milhões de vezes que não era para ele subir e sim deixar na portaria.

- O que ele queria? – falhei ao tentar esconder meu desespero.

- Ele veio te entregar isso. – Jake virou-se e pegou um envelope preto.

- Você o abriu?

- Não, mas pode me falar o que tem aí dentro?

Franzi a testa e peguei o envelope, eu tinha certeza que eram as fotos das meninas e seus dados.

- Deve ser os dados da encomenda. – forcei um sorriso.

- E por que tem que ser lacrado desse jeito?

Merda!

- Porque... porque... oras eu não sei. – olhei seus olhos confusos. – Bom, agora eu tenho que ir. O taxi já deve estar lá embaixo.

- Amor, uma ultima pergunta.

- Claro, mas tem que ser rapidinho.

- Você nunca mentiria para mim né?

Fechei os olhos e os abri olhando fixamente nos dele. tudo o que eu queria era abraçá-lo e pedir perdão por todas as mentiras e simplesmente lhe dizer a verdade, mas eu não podia, eu não conseguia.

- Claro que não, amor. – uma faca invisível me acertou em cheio. – Por que a pergunta?

- Nada não, só queria ter certeza. Agora vá, não quero te atrasar. – ele se esticou plantando um selinho em meus lábios.

Virei-me para a porta, a abri e sai. Lagrimas se formaram no meu rosto, como eu sou tão idiota e estúpida.
Desci as escadas e o carro de Trace estava parado em frente ao prédio.

Andei em direção ao carro e entrei.

- Aí está a minha menina!

- Oi Trace.

- Nossa, que cara é essa? Você está chorando?

- Talvez. – falei me encolhendo.

- O que houve?

Olhei em seus olhos. – Você realmente acha que é fácil para mim? Ter uma vida dupla, mentir para a única pessoa que me apóia de verdade e ter que dar para homens todos os dias?

- Hey, calma aí mocinha! – ele pegou seus óculos escuros e pôs.

- Esquece você não entende.

- Amberly, prometo que logo isso vai ter um fim. Você não terá que mentir mais.

- E como você pretende isso?

- Eu sou quem sou e você ainda não acredita em mim?

Revirei os olhos.

- Agora me fale o que terei que fazer hoje?

- Seduzirá duas meninas com seu jeitinho, os nomes delas estão no envelope que seu namorado te entregou!

- Ok! E por falar nisso, não suba mais lá em casa, a gente já combinou isso.

- Não tenho culpa se Jake desconfia de você. – ele deu de ombros.

Que homem insuportável e insensível.

- Apenas não suba mais. – falei entre dentes.

- Como quiser senhorita irritadinha.

- Não me faça te dar um tapa na cara Trace, já estou nos limites com você e esta situação toda.

- Faça isso que você já sabe muito bem o que vai acontecer. – ele falou serio, tirando os óculos e olhando em meus olhos.

Fechei os olhos, mais lágrimas queriam sair, mas eu as impedi bem a tempo.

O carro parou. Bom mais uma vez lá vou eu.





Continua....

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